Vice-presidente da Câmara de Iperó, Vereador Pastor evangélico profere palavrões durante sessão da Câmara

Falou demais e constrangeu a todos (população e vereadores presentes!)

Imagem por Divulgação e Texto por Folha de Iperó
  • 25/08/2025 às 14:00
  • Atualizado 25/08/2025 às 14:00
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Qual seria sua avaliação, caso você cidadão, acompanhado de esposa e filhos, decidisse ir à Câmara de Iperó para acompanhar a votação de um determinado projeto e, num determinado momento, um vereador, ao usar o microfone proferisse um palavrão, como “tirar o ‘c*’ da cadeira”, e manifestações como “tirar o rabo da cadeira”, por diversas vezes? E se esse vereador fosse, nada mais do que o vice-presidente da Casa e líder do prefeito Leonardo Folim (PSD) no Legislativo? E se esse mesmo vereador fosse um pastor evangélico?

Pois bem, não se trata de suposição, mas de um fato que vem ocorrendo com frequência na Câmara de Iperó, o de proferir palavrões e termos considerados ‘chulos’, que na avaliação da própria população e, sobretudo de especialistas, causam constrangimento ao Legislativo, fere o bom senso e até mesmo em determinadas situações pode configurar, de acordo com o regimento interno da Casa, advertência e quebra de decoro. 

O caso mais recente aconteceu na 25ª sessão ordinária, realizada na última terça-feira (19). O vereador Willians Fagundes (Podemos), durante seu discurso na Mesa Diretora ao comentar sobre fato de o parlamentar ter que acordar cedo e realizar sua função, optou por usar palavras de baixo calão para se referir ao mesmo assunto: “...Como o vereador disse: ‘Levantar a bunda da cadeira; acordar cedo; dormir tarde... Estive em Brasília, levantei meu ‘c*’ da cadeira aqui e fui até Brasília...”.

Mais adiante, ao usar a tribuna, voltou a proferir palavras inadequadas, por diversas vezes: “...Levante sim o rabo, vou falar mais bonitinho, da cadeira e vamos sim trazer recursos...”. E continuou: “...Quantos prefeitos já passaram e ninguém levantou o rabo da cadeira pra (sic) fazer o que o prefeito vem fazendo neste mandato.” E mais uma vez, adiante: “...Vai ter uma notícia muito ímpar por que este vereador está levantando o rabo da cadeira estamos indo conversar em São Paulo...”.

As declarações do vereador constrangeram pessoas que acompanhavam a sessão no plenário e também vereadores, que visivelmente ficaram incomodados com as falas.

Para o cientista político e especialista em gestão governamental, José Oliveira Rosa, as falas de baixo calão proferidas pelo vereador podem ver avaliadas em dois aspectos, o jurídico e o moral. “Toda pessoa, assim se espera, deve presar pela educação, pela ética e a moral. Quando ela é uma pessoa pública ela deve dar o exemplo. Se, como foi me dito, é um pastor, mais ainda. As palavras ditas por ele, ferem a moral do Legislativo, coloca esse parlamento numa condição vexatória”, disse.

O especialista foi além e ressaltou a questão jurídica, citando o artigo 325, do Regimento Interno da Câmara de Vereadores de Iperó, no qual diz que: “O Vereador que descumprir os deveres inerentes a seu mandato ou praticar ato que afete a sua dignidade, a integridade moral do Poder Legislativo Municipal e demais pares, estará sujeito a processo e às medidas disciplinares previstas neste Regimento.” “Ora, vejamos ao proferir palavrões e outras palavras inadequadas o vereador afeta a dignidade e a integridade moral do Poder Legislativo Municipal. Essa é uma interpretação que faz muito sentido. Se os vereadores daquele parlamento acham essas palavras normais é preocupante”, ressaltou e completou: “Caberia, ao meu ver, ao menos uma advertência ao vereador para que passe a conter suas palavras. Isso é o mínimo que talvez a sociedade espera”.

“No calor do debate” e pedido de desculpas

Questionado pela Folha de Iperó, o vereador Willians Fagundes, por meio de nota pediu desculpas aqueles que se sentiram ofendidos e disse reconhecer a importância de manter respeito e a sobriedade no uso das palavras, “especialmente no ambiente do plenário e diante da população que nos acompanha”. Disse que no calor do debate, e na intenção de despertar uma reação mais direta, “acabei usando um termo popular e, para muitos, inadequado para o contexto”. 

Veja abaixo trecho da nota:

“Como vereador, vice-presidente desta Casa e também como pastor, reconheço que há uma expectativa maior sobre minha conduta e minha fala, e estou aberto a refletir e ajustar o que for necessário para que meu posicionamento público esteja sempre alinhado com os valores que defendo”, disse o vereador em nota. 

Se minha expressão utilizada, soou ofensiva ou inadequada, peço desculpas de forma sincera. Mas reitero que minha intenção jamais foi desrespeitar este plenário, meus colegas ou o público. Pelo contrário, foi cobrar mais ação, mais responsabilidade e sem politicagem, o que, acredito, é também o anseio de muitos cidadãos. 

Fico sempre aberto ao diálogo, à correção, e sigo firme no propósito de representar bem o povo, com responsabilidade, respeito e também com verdade, honrando a função que ocupo e os princípios que represento. 

De fato, em minha fala utilizei a palavra “rabo” para me referir à necessidade de levantar, agir e tomar atitude. Reconheço que, embora tenha sido no calor do momento, a forma como falei pode ter soado inadequada para algumas pessoas, principalmente considerando que nossas sessões são públicas, acompanhadas por jovens, crianças e projetos importantes como o Parlamento Jovem. 

Como vereador e também pastor, entendo que minhas palavras têm peso e influência. Por isso, se alguém se sentiu ofendido ou desconfortável com a forma como me expressei, deixo aqui meu sincero pedido de desculpas. 

Minha intenção sempre será cobrar ação e responsabilidade com firmeza, mas com respeito. Me comprometo a seguir atento à forma como me comunico, sem perder o compromisso com a verdade e com o povo que me elegeu. 

Seguimos juntos, com transparência, coragem e responsabilidade, honrando tanto meu papel de representante do povo quanto minha fé e valores.”